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  • Patrícia Rios

Voltar aos dezessete

Voltar aos dezessete [1]

Letra: Violeta Parra

Voltar aos 17 depois de viver um século

É como decifrar sinais sem ser sábio competente

Voltar a ser de repente tão frágil como um segundo

Voltar a sentir profundo como um menino diante de Deus

Isso é o que sinto neste instante fecundo

Vai se envolvendo, envolvendo

Como no muro a hera

E vai brotando, brotando

Como o musgo na pedra

Como o musgo na pedra, ai sim, sim, sim

Meu passo retrocede quando o de vocês avança

O arco das alianças penetrou em meu ninho

Com todo seu colorido passeou por minhas veias

E até a dura corrente com a qual nos prende o destino

É como um diamante fino que ilumina minha alma serena

Vai se envolvendo, envolvendo

Como no muro a hera

E vai brotando, brotando

Como o musgo na pedra

Como o musgo na pedra, ai sim, sim, sim

O que pode o sentimento não pode o saber

Nem o mais claro proceder, nem o maior dos pensamentos

Tudo o muda num momento qual mago condescendente

Nos afasta docemente de rancores e violências

Só o amor com sua ciência nos torna tão inocentes

Vai se envolvendo, envolvendo

Como no muro a hera

E vai brotando, brotando

Como o musgo na pedra

Como o musgo na pedra, ai sim, sim, sim.

O amor é um turbilhão de pureza original

Até o feroz animal sussurra seu doce som

Detém os peregrinos, liberta os prisioneiros

O amor com seus esforços ao velho torna criança

E ao mal só o carinho o torna puro e sincero

Vai se envolvendo, envolvendo

Como no muro a hera

E vai brotando, brotando

Como o musgo na pedra

Como o musgo na pedra, ai sim, sim, sim.

De par em par a janela se abriu como por encanto

Entrou o amor com seu manto como uma fraca manhã

Ao som de sua bela Diana fez brotar o jasmim

Voando qual serafim ao céu lhe pôs brincos

Meus anos em dezessete os converteu o querubim.

A chilena Violeta Parra (1917- 1967) e a argentina Mercedes Sosa (1935-2009) são parte de um reduzido número de artistas que deixaram um vazio na América Latina. Ambas merecem ter seu repertório musical revisitado e biografias estudadas como parte da nossa memória histórica coletiva.

Nesse sentido, vale a pena conferir o filme “Violeta foi para o céu”, uma obra biográfica que sob a direção de Andrés Wood ganhou dois prêmios: como melhor filme no Sundance Film Festival 2012 e também o prêmio do público em Toulouse no Latin American Film Festival.

Em um domingo de latinidade exalando pelos poros, nada melhor que ouvir e assistir uma joia da década de 80: Mercedes Sosa, Caetano Veloso, Milton Nascimento, Gal Costa e Chico Buarque de Holanda dividindo o palco e a interpretação de “Volver a los diecisiete”.

[1] Minha livre tradução.

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